Ter um robô. Um sonho que está próximo de se tornar realidade para alunos de todo o Brasil. De baixíssimo custo, a estrutura será montada pelos próprios estudantes, que poderão usar o dispositivo para auxiliá-los no estudo de outras disciplinas curriculares.
A iniciativa é dos pesquisadores do Laboratório NatalNet da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que têm o objetivo de utilizar a robótica educacional para difundir o interesse por tecnologia em todos os níveis de ensino no País.
Coordenador do NatalNet, Luiz Marcos Garcia Gonçalves explica que o grupo pretende levar o projeto um Robô por Aluno para todas as escolas brasileiras. “A facilidade de construção dos robôs é grande. Os professores passarão por um treinamento e poderão trabalhar com as turmas, adaptando as dificuldades do sistema para cada nível de ensino”, afirma.
Equipe de Alunos e professores do Laboratório NatalNet.
Além disso, o baixo custo do material que será utilizado para a construção dos robôs permite que a técnica seja popularizada. Atualmente, kits de robótica chegam a ser comercializados por valores acima de R$ 1 mil, inviabilizando a difusão da tecnologia. “A ação do NatalNet vai promover a inclusão social e tecnológica dos jovens brasileiros”, analisa Luiz Gonçalves.
Alunos de Natal, Mossoró e Caicó já começaram a criar seus robôs. “É muito gratificante trabalhar com crianças e jovens e saber que a gente pode mudar a realidade de um estudante ao incentivar o interesse pela robótica”, destaca o professor da Escola de Ciências e Tecnologia da UFRN Aquiles Medeiros Filgueira Burlamaqui.
Ao criar robôs de baixíssimo custo para serem utilizados na educação, o grupo busca minimizar a carência de profissionais na área tecnológica no Brasil. “A gente tem que incentivar, mostrar, levar a tecnologia para a base da educação”, enfatiza Burlamaqui.
O aluno do curso de Bacharelado em Ciências e Tecnologia da UFRN Diogo Felipe Silva Costa participa dos testes para confecção de robôs de baixo custo. O estudante explica que as réplicas podem ser feitas em até duas horas. “É só aprender o passo a passo”, conta.
Diogo Costa ressalta que o grupo deseja promover a preservação do meio ambiente e busca conscientizar os jovens por meio da prática. “Nossos próximos projetos envolvem a ecorrobótica. Vamos utilizar material reciclável, como papelão, para montar produtos ecologicamente corretos”, diz.
Estudante do Bacharelado em Ciências e Tecnologia da UFRN, Gabriel Tojal Gadelha de Freitas é o responsável pela fabricação das placas eletrônicas. O produto é a única parte do robô que deve ser enviada pronta para as instituições. “É um processo manual, que utiliza solda, talvez até um pouco complexo para uma criança conseguir fazer”, explica.
Gabriel relembra que não tinha nenhum conhecimento sobre produção de placas e foi o primeiro da equipe a se aventurar. “Cada grau de ensino tem um potencial que pode ser desenvolvido com a robótica. Para os universitários, a construção das placas agrega muitos conhecimentos”, analisa.
O professor do Instituto Metrópole Digital da UFRN Rafael Vidal Aroca fez o seu doutorado na área de robótica educacional e enfatiza que é possível utilizar as estruturas para incrementar aulas. “Podemos direcionar o uso dos robôs em atividades do cotidiano escolar dos jovens, aumentando o interesse dos alunos pelos estudos e principalmente pela área tecnológica”, descreve.
O professor Aquiles Burlamaqui explica que o laboratório NatalNet está desenvolvendo uma ferramenta para trabalhar a robótica educacional de forma remota e a custo zero. A ideia é criar um ambiente virtual em três dimensões para ser utilizado pelas pessoas que não tenham acesso a robôs. “O robô virtual pode ser controlado pela internet de maneira colaborativa, com várias pessoas controlando o sistema ao mesmo tempo”, afirma.